As mulheres já representam mais de 49 milhões de empreendedoras no Brasil. Numa pesquisa recente realizada pela RME Rede Mulher Empreendedora, 38% dos negócios conduzidos por mulheres representam a única fonte de renda familiar e 83% dos negócios conduzidos por mulheres têm ao menos metade do seu quadro de funcionários compostos por outras mulheres.
Nestes últimos anos gradativamente a presença e o reconhecimento da força das mulheres, tanto na liderança empresarial como no mercado empreendedor tem crescido. De acordo com a consultoria Americana Mckinsey para cada 100 homens promovidos apenas 85 mulheres são promovidas. Mesmo em cargos de liderança as mulheres ainda ganham 23% menos do que os homens, segundo a empresa de recrutamento Catho.
No entanto cada vez mais estamos vivenciando a realidade de grandes empresas que estão orientadas para a construção de um legado sólido formado pela diversidade.
Quando falamos em Mulheres, falo na soma das competências. Num time formado por homens e mulheres, onde o respeito, a diversidade e o foco no objetivo principal, superam o EGO e a vaidade. Onde a capacidade sempre será mais relevante do que sexo ou cor. Porque as empresas que estão construindo o amanhã são aquelas que enxergam que a soma está na DIVERSIDADE, INCLUSÃO e RESPEITO.
Globalmente, as empresas que já praticam a equidade de gênero na liderança tem resultado financeiro em media 21% maior do que as empresas sem essa característica. Porque a diversidade gera inovação. Quanto mais orientada para as pessoas estiver a sua empresa, mais próxima dos clientes ela permanecerá.
Tenho como propósito conectar pessoas e compartilhar conhecimento através das visitas que realizamos em empresas no mundo aprendendo na prática com outras empresas que escrevem a sua história de sucesso, associações e universidades como podemos melhorar e ampliar as oportunidades de negócios para as empresas no Brasil.
Vivemos um momento único de muitas transformações que oferece uma oportunidade para criar mudanças que sejam sustentáveis. A hora é agora.
Ainda temos uma longa jornada. Pela primeira vez na história temos uma mulher como vice presidente de uma das mais importantes nações do mundo e o trabalho apenas começou.
Em 1995 não tínhamos mulheres como CEO na lista das 500 maiores empresas listadas pela Fortune em 2020 as mulheres CEO já representam 8% e em 2025 o objetivo é que sejam 15%.
Por outro lado no Brasil acompanhamos iniciativas e movimentos sólidos promovendo a inclusão das mulheres nos Conselhos Empresariais. Acredito que a ampliação da prática do capitalismo consciente, que é a idéia de que os negócios devem ter um propósito maior, que vá além do geração do lucro e traga um benefício ou aplaque uma dor da sociedade. Fundado nos Estados Unidos em 2008 e implantado no Brasil em 2013, esse movimento defende que a razão social de ser uma organização deve estar alinhada à sua estratégia e à sua forma de ganhar dinheiro.
É justamente esse alinhamento que fará com que a empresa seja relevante, gere riqueza no longo prazo e tenha impacto positivo no mundo, além de mitigar prejuízos reputacionais e financeiros.
Faço um paralelo entre o capitalismo consciente e a forma de gestão das mulheres em cargos de liderança.
As mulheres estão se destacando principalmente após um momento de grande impacto como foi causado pela pandemia pelas suas característica de resiliência, vontade de aprender e criatividade em buscar soluções diferentes. E principalmente pelo olhar humano.
As mulheres tem um grande desafio porque são perfeccionistas por natureza, não aceitam menos do que o 10 em todas as caixas da sua vida e neste momento de transformações precisaram novamente serem muito flexíveis e principalmente pacientes. Assumiram mais funções em casa, na gestão da família, relacionamento, educação dos filhos e negócios.
Tiveram que reaprender a gestão do tempo e das prioridades. Saber fazer o que precisa ser feito de forma correta e na hora que é possível fazer. Ser vulnerável não é nenhum problema. Pelo contrário é ressignificar crenças passadas e com sabedoria praticar um novo olhar na construção de uma outra jornada.
Ser empreendedora não significa tão somente ser empresária. Você pode ser empreendedora como funcionária ou executiva de uma empresa. Porque trabalha com objetivos, metas claras, e impactos na vida de outras pessoas.
Empreender como negócio próprio ou numa carreira executiva ainda é uma tarefa solitária nas tomadas de decisões, porém as mulheres já reconhecem nas redes de relacionamento as oportunidades de desenvolverem novas habilidades e capacidades como empresárias e também fazer novos negócios. As mulheres são habilidosas em construir redes de relacionamento e essas conexões movem os negócios e a vida.
Atualmente a We Connect Internacional, da qual faço parte do Conselho no Brasil, realiza um trabalho, certificando empresas cujo capital social e a gestão sejam da maioria mulheres para ter a oportunidade de serem fornecedoras para grandes multinacionais. Algo que já vinha sendo praticado com muito sucesso nos Estados Unidos há alguns anos, também é um fomentador de novos negócios para as pequenas e médias empresas, com essas características no Brasil. Participo de algumas iniciativas da RME Rede Mulher Empreendedora que além dos programas de mentorias com grandes parceiros, também tem uma série de iniciativas para as Mulheres Empreendedoras.
Tive a oportunidade de participar do primeiro programa da P&G, que direcionou o seu time de gestão para coordenar e desenvolver um programa de capacitação para empreendedoras com potencial de serem fornecedoras para a empresa.
Outras empresas como o Google também se destacam no apoio ao Empreendedorismo Feminino, bem como a EY que possui no Brasil o Winning Women, que faço parte da turma 2020, que além de disponibilizar um time de conselheiras que são estrelas de primeira grandeza no mundo empresarial, colocam a disposição das empreendedoras todo um treinamento, estrutura de consultores durante um ano de acompanhamento dos seus negócios.
Na pesquisa realizada pela RME, Rede Mulher Empreendedora sobre os impactos da pandemia entre as empreendedoras e seus negócios, 20% das entrevistadas afirmaram que tiveram dificuldade em organizar o tempo e realizar todas as tarefas.
Hoje 59% das empreendedoras são casadas, 52% tem filhos, e 46% desses negócios estão centrados serviços .
Utilizem em suas equipes as habilidades naturais de gestão, porque as mulheres cuidam das empresas, das pessoas e da sociedade com o mesmo afinco. Elas querem construir um legado que faça a diferença na vida das pessoas. Por isso se traduz em resultados financeiros positivos.
Conexões e pessoas movem o mundo, se conectem com associações, redes de relacionamento que fomentam o empreendedorismo feminino no Brasil. Lembre-se é muito mais do que uma questão de conquistar um espaço, e sim de somar competências num time e principalmente atuar como Sponsor para outras mulheres que você tem a oportunidade de formar como líder.
Mantenham a inquietude por aprender na sua alma. Tenham uma atitude empreendedora, independente se você é DONA ou EXECUTIVA de uma empresa.
Conheçam o seu negócio , o seu mercado de atuação e apresentem aquilo que você faz de melhor. Sejam orientadas pelo seu PROPÓSITO.
Tudo isso somente será possível construindo canais de talento, desenvolvendo uma cultura empresarial diversa e inclusiva e que tenha continuidade na construção deste LEGADO.
A reciprocidade somente acontece quando for construída através da partilha verdadeira.
Lu Carmo